#SigoLutando
Uma Marca Que Não Marca
Ft.: Cláudia Maria Ferreira Verissimo Lage
Existe um projeto do fotográfo David Jay chamado The Scar Project http://www.thescarproject.org/david-jay/, que mostra mulheres que foram submetidas a mastectomia ou bilateral em fotos lindas e poéticas, sozinhas ou com seus companheiros, grávidas, com a vida seguinte em frente, eu considero de uma sensibilidade enorme, lindo e comovente; também fizeram uma versão brasileira deste projeto, foram expostas no Rio de Janeiro em comemoração ao Outubro Rosa.
Confesso que algum tempo atrás era difícil pra mim olhar fotos assim, levei um tempo pra me acostumar, hoje vejo com naturalidade e até consigo admirar a beleza que ela produz, um novo olhar sobre algo é sempre bem vindo a nossa vida.
Não importa as marcas que estão no seu corpo, fazem parte da nossa história, são lições aprendidas, são milagres realizados, são conquistas que ninguém poderá tirar de você.
Não tem porque ter tristeza ou constrangimento sobre isso, porque a vida marca à todos de uma forma ou de outra; uma pessoa magra poderá dizer não quero parecer como aquela gorda, mas quem sabe do interior de cada um, além de si mesmo, é Deus, muitas vezes uma pessoa com estética impecável tem um caráter cheio de deformidade.
Me lembro numa ocasião da vida estava dando um curso numa igreja e chegaram dois rapazes com aparência suspeita, boné, tatuagem, calças baixas, chegamos a ficar com receio de recebê-los novamente, puro pré-conceito, digo isso porque somos assim julgamos as pessoas imediatamente pelo que vemos, os rapazes fizeram o curso, eram excelente alunos, participativos, serenos, educados, respeitadores, e extremamente carinhosos. A vida foi me ensinando essa lição, a primeira impressão não é a que fica.
Hoje não gosto de andar com pessoas que julgam os outros pela aparência, me transmitem seus pré-conceitos sobre os outros, aprendi ver além do que os olhos mostram.
Talvez seja por isso que imagens como essa não me chocam mais,
muito pelo contrário me encantam, transmitem força, vida e esperança.
As piores marcas são aquelas que escondemos por dentro, essas sim são feias, pessoas invejosas, orgulhosas, cheias de si, miseráveis, incapazes de olhar do lado e estender a mão pra quem quer que seja, essa marca eu não quero ter na minha vida nem hoje, nem nunca.
Essa cena foi fotografada para minha amiga Cláudia, com seu marido, companheiro para toda uma vida,eternizou esse momento, cheio de amor que ele fez questão de mostrar sentir por ela, fiquei emocionada e sempre me emociono quando vejo.
Peço a Deus que ainda haja homens tão sensíveis como ele para que outras mulheres (me incluo) que tem suas marcas sejam marcadas em fotos com demonstrações assim, não com marcas que nos condenam a sermos inferiores a ninguém,
e sim marcas, que são marcadas apenas pelo amor.